Novidades do mundo literário: de Lima Barreto a Julian Fucks

  • 10:43
  • 21 novembro 2016
  • Pensamento do dia: "Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido". Fernando Pessoa


    Lima Barreto, o escritor carioca que viveu entre 1881 e 1922  será o  homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, que acontece entre 26 e 30 de julho e 2017. Quando viveu ele era criticado e chamado de recalcado e teve pouco sucesso, mas na década de 1950 ele ganhou prestígio no Brasil depois da organização de seus romances. Livros como Triste fim de Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos mostram o talento do autor que soube retratar o Rio de Janeiro e seu povo com fidelidade.


    Luana e Anderson, de Jundiaí, vão realizar o sonho de muita gente. Eles embarcam em dezembro a bordo da Kombi Antonieta para uma viagem sem data para voltar, pela América do Sul. O veículo foi transformado em casa e os levará para conhecer as mais diversas culturas do continente sul americano. Antes, eles farão uma parada no Sesc Ribeirão para apresentar a Antonieta e contar mais sobre essa incrível viagem. O evento acontece na quarta-feira, das 19 às 22h, na rua Tibiriçá, 50, em Ribeirão Preto.


    Adoniran Barbosa volta com tudo em 2016, após 34 anos de sua morte. Um disco e um DVD, lançados pela Gravadora Eldorado sob o título Adoniran – Se Assoprar Posso Acender de Novo, trazem 14 faixas nunca gravadas, com letras creditadas ao autor de Trem das Onze.  As músicas são interpretadas por Ney Matogrosso, Criolo, Liniker , Fernanda Takai e Leo Cavalcanti. Um bom presente para o final do ano.


    O romance A Resistência, de Julián Fuks, ficou em primeiro lugar na categoria Romance do 58º Prêmio Jabuti. Fuks foi uma das presenças da Feira do Livro de Ribeirão Preto, em 2016. Em segundo lugar, ficou Bazar Paraná, de Luis S. Krausz, e, em terceiro, Desesterro, de Sheyla Smanioto. Em Poesia, o músico Arnaldo Antunes, pelo livro Agora aqui ninguém precisa de si.


    Na categoria Contos e Crônicas, a vencedora foi Natalia Borges Polesso, por Amora  e Roger Mello, levou na categoria Livro Infantil por Inês. Novidades desde a edição passada, as categorias Adaptação e Infantil Digital ficaram respectivamente com Oamul Lu e Isabel Malzoni, por Pequenos grandes contos de verdade  e Rodrigo Lacerda, por Hamlet ou Amleto. Cada vencedor ganhará R$ 3,5 mil, além do troféu que também será dado aos segundos e terceiros colocados. No próximo dia 24, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, serão conhecidos os livros dos anos (ficção e não ficção) que darão aos seus autores um prêmio de R$ 35 mil, além do troféu dourado.

    Bela Gil, a menstruação e a evolução dos absorventes no tempo

  • 14:00
  • 05 novembro 2016
  • Tenho 50 anos e minha menstruação parou de vir há pouco tempo. Esta semana me deparei com o burburinho causado por Bela Gil, apresentadora do programa  Bela Cozinha, da GNT, ao falar que usa uma calcinha especial nos dias em que está menstruada.


    Eu sou da época do uso do famoso paninho, que tinha que ser lavado e reaproveitado. Dava trabalho, mas era bom para o meio ambiente. Não poluía e era econômico. O duro era lavar.Agora, é chamado de absorvente ecológico, que na foto está muito chique. Na minha época, comprava-se pano de saco, cortava em tiras e usava, mas sem contar para ninguém.


    Outras pessoas optam pelo famoso copinho coletor. Sinceramente meu povo, eu não daria certo com o copinho, porque sempre tive que usar absorventes potentes. Colocava dois de uma vez só e trocava várias vezes ao dia. Muitas vezes, eles não aguentavam, o fluxo vazava e a vergonha era certa.

    Abaixo o tabu sobre menstruação

    Mas, este post é para falar sobre a declaração de Bela Gil e a comoção causada na web. Eis aqui a minha opinião a favor da calcinha criada por uma estudante norte-americana.
    Primeiro, não tem nada demais falar de menstruação. Em pleno século XXI o tema já deveria ter deixado de ser tabu.


    Que ótimo que ela está disposta a dar dicas para nós mulheres sobre as novidades do momento.
    Ela sugeriu esta calcinha, que os lojistas garantem que segura a menstruação. E vocês têm verginha de falar de menstruação? Espero que não. Paz e beijos

    Você fala muito ou pouco? Já sei, você não é de falar. Saiba quais os personagens mais calados da literatura

  • 09:56
  • Você tem na família aquela pessoa quietinha, que quase não joga conversa fora e que apenas observa tudo?
    Eu tenho várias pessoas assim na minha família e o contraste é incrível. Uma delas eu convivo todos os dias. Eu falo sem parar e ela ouve e apenas mexe a cabeça como se estivesse concordando. Finge que está ouvindo. 
    Sabe de quem estou falando??? Claro, acertou: do meu marido. 
    Fiquei pensando quem seriam os personagens  mais calados da literatura. A primeira que me veio a cabeça foi:

    Macabéa, de "A Hora da Estrela"

    Personagem de um dos livros mais famosos da escritora Clarice Lispector. A jovem nordestina que vem para o Rio de Janeiro para melhorar de vida. Ela se torna datilógrafa, arruma um namorado que a deixa por outra, descobre que tem tuberculose e enfrenta tudo calada, sem contar a ninguém. 


    O livro foi adaptado para o cinema e Marcélia Cartaxo ficou com o papel principal. Eu, na pele de Macabéa, também seria calada. Que triste.

    Leonard do livro "Perdão, Leonard Peacock

    Este menino é um ser humano complexo. Adolescente que assiste filme em preto e branco e gosta de Humphrey Bogard, de Casablanca , só pode ser um garoto calado. Comecei a ler este livro por sugestão da Francine Estevão e estou adorando. O livro é triste, triste, triste. Narra a história de um menino que decide se matar no dia do aniversário, mas antes ele quer se despedir de alguns amigos. A impressão que Leonard me passa é que ele é calado e tem dificuldades de se abrir com todos. Channing Tatum foi convidado para dirigir o filme que está em fase de produção. O livro foi escrito por Matthew Quick.

    Smith de "Loney"

    O corpo de uma criança é encontrado em uma praia. Smith é informado da descoberta através do noticiário e começa a relembrar o passado, quando ele viajou para aquela ilha da Inglaterra com a família há quarenta anos. Sempre preocupado em cuidar do irmão, que tem problemas de fala, Smith esquece de cuidar de si próprio e fala muito pouco. Livro escrito por Andrew Michael Hurley.
    Estes são alguns dos personagens calados que eu lembrei, mas tem muito mais. Se você quiser indicar algum deixe nos comentários. Quem são os calados da sua família? Aposto que tem muitos. Espero que você tenha gostado do post. Paz e beijos.

    Top3: Três personagens literárias que tem problemas com a balança

  • 08:30
  • 31 outubro 2016
  • Segunda-feira é o dia universal do regime. Esta é a milionésima dieta que eu começo este ano e agora vai, vai, vai... Nos últimos 3 anos engordei mais de dez quilos, nem vou falar o peso exato porque tenho vergonha.
    Que saudades de colocar a minha calça 36...Domingo, quando deitei na cama e pensei o roteiro da minha alimentação nesta segunda-feira, eu me lembrei dos personagens literários que sofrem com o excesso de peso. Aqueles que são vítimas da sanfona como eu. Depois de muito pensar eu selecionei três personagens literárias que tem problemas com a balança.

    Bridget Jones
    Eu li apenas o primeiro livro escrito por Helen Fielding, mas assisti a todos os filmes. A como saiu o novo filme, "O bebê de Bridget Jones" eu espero completar a leitura de todos. Renee Zellweger chegou a engordar dez quilos para fazer o papel da garota inglesa que é gente como a gente. Sofre com o peso e está a procura de um amor. Bridget também está sempre fazendo contagens malucas das calorias ingeridas.

    Eleanor
    O livro "Eleanor&Park", de Rainbow Rowell é uma gostosura. A história da menina gordinha, de cabelo ruivo, que se veste de forma extravagante e usa baunilha como perfume encanta qualquer leitor. Neste livro, a gente se enche de nostalgia e de amor por Park que se apaixona pela garota e oferece a ela gibis e fitas cassetes com várias músicas da hora. Eleanor tem problemas para aceitar o próprio corpo.

    Rachel
    Olha o preconceito ai gente. No livro, "A Garota no Trem" Paula Hawkins deixa claro que Rachel está acima do peso. Também ela bebe igual uma esponja. No filme, lançado há poucos dias, Emily Blun está magra. Que pena.

    Estas são as personagens que como eu deve começar sempre um regime na segunda-feira. E você vai começar o seu??? Boa semana.

    Bruxas de ontem e de hoje: das más as boazinhas

  • 13:12
  • 29 outubro 2016
  • O Dia das Bruxas chegou e eu não poderia ficar de fora da festa. Quando eu era menina, bruxa era aquele ser horrível e maléfico que destruía vidas. Sabe de quem em me lembro desta época? Uma delas era a minha professora de Matemática. Não falo o nome dela nem com tortura.


    Você se lembra desta bruxa? Ela é a madrasta da Branca de Neve. Fiquei aterrorizada durante anos com esta imagem. Como eu odiava quando ela oferecia a maçã envenenada para a princesa


    Gente, esta é a maga Patológica. Eu era uma devoradora de gibis e Maga morava em Patópolis e queria de qualquer jeito roubar a moedinha número um do tio Patinhas. Que nostalgia. Sabia que o criador dela, Carl Barks, se baseou na linda atriz Sophia Loren para criar o personagem??


    É claro que a madame Mim também fez parte do meu universo juvenil. Uma bruxa com cara de mal, mas até que é simpática. Ela mora com a Maga Patológica.


    Bruxas Atuais

    Os tempos mudaram e hoje as bruxas podem ser más ou boas. Algumas delas, por sua bondade, estão no meu coração.




    Minerva Macgonagall é professora e diretora em Hogwarts. Ela está sempre por perto quando precisam dela. Minerva também é capaz de se transformar em um gato cinza. Amo demais esta bruxa.


    Angelina Jolie interpretou Malévola em uma nova versão cinematográfica sobre a Bela Adormecida. Fiquei apaixonada e ela se tornou minha bruxa preferida de 2016.


    Existe bruxa mais chique, mais linda, mais tudo que Regina??? Não existe. Mesmo quando ela está fazendo maldades a gente torce por ela. Queen Regina, da série Once Upon Time, interpretada por Lana Parilla, é insuperável.

    Estas são as bruxas do meu coração. Boas ou más elas me trazem boas lembranças. Quais as suas???

    Personagens Literários que não Usam Maquiagem

  • 08:21
  • 26 outubro 2016

  • Você vive sem maquiagem? Eu vivo tranquilamente e sempre vivi. Sei que tem algumas pessoas que não saem do quarto sem a famosa massa corrida, e eu defendo o direito delas de fazerem o que acham melhor para sua vida, mas que dá trabalho este costume não se pode negar.


    Na vida real, algumas famosas já optaram por se livrarem da maquiagem. Uma delas é Alycia Keys que usa o cabelo ao natural e o rosto limpo. No entanto, isto não significa que ela não se cuida. Pelo contrário, ela redobrou os cuidados com a pele e o cabelo. Se livrar da maquiagem não significa deixar a vaidade de lado.

    Personagens que não usam maquiagem

    Eu elegi três personagens dos livros que na minha opinião não precisam de maquiagem e usaram poucas vezes produtos de beleza.

    Hermione Granger - Harry Potter

    A famosa bruxinha, amiga de Harry Potter e Ronny Weasley, ama estudar e ser companheira dos meninos. São sete livros da saga e em apenas um ela se prepara para ir ao baile. Na vida real Emma Watson também é uma garota empoderada e até fez um clube do livro para incentivar a leitura.

    Annabeth Chase - Percy Jackson
    Ela é filha de Atena,deusa da sabedoria e das estratégias de guerra, e amiga de Percy Jackson. Lutadora habilidosa ela supera o amigo quando o assunto é batalha. Você acha que ela usa maquiagem?? Claro que não.

    Lizzy Bennet - Orgulho e Preconceito
    Heroína do livro Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, ela não segue as convenções da sociedade do século XIX. Rebelde, amante da leitura, Lizzy recusa um pretendente por achar que ele não tem bom caráter. Uma mulher a frente do seu tempo. Ela usa maquiagem??? Duvido.

    E você usa maquiagem? O que você acha de se livrar deste compromisso? Não. Tudo bem. O bom da vida é que temos a oportunidade de escolher o que fazer com o nosso corpo. Paz e beijos.

    Morte de Adolescente que jogava pela internet coloca pais em alerta

  • 12:39
  • 20 outubro 2016
  • As crianças de hoje levam uma vida muito diferente da minha. Eu morava na praça Maria Pia, no portão de ferro, em Santa Rosa de Viterbo, um lugar delicioso, cheios de árvores frutíferas. Brinquei na terra, comi frutas direto do pé e li muito livro debaixo de árvores maravilhosas e que espantavam o calor.
    Os tempos mudaram e muito. O computador tomou o lugar da vida ao ar livre e dos bate-papos presenciais. Tudo é online e algumas notícias nos causam horror e provocam reflexão.


    Hoje, como mãe, eu me assusto quando leio que Gustavo Detter, 13 anos, morreu depois de jogar pela Internet com os amigos e aceitar o desafio de ficar sem respirar. Para cumprir o planejado, ele colocou uma corda no pescoço, ficou sem oxigênio no cérebro e morreu 24 horas depois de ser socorrido pelo pai.
    A notícia me deixou aterrorizada e com o coração partido porque poderia ter sido alguém próximo de mim e ou de você que como eu acreditava que o quarto era um lugar seguro.
    O que fazer? Proibir a Internet? Culpar o jogo?  Não, a culpa é do desafio e da falta de consciência dos perigos causados pelo jogo do desmaio (choking game).


    O que leva uma criança, um adolescente aceitar o desafio? Sinceramente, não sei. Deduzo que ele não tinha ideia do perigo que corria. Quando eu tinha a idade dele, eu achava que era forte e que conseguiria fazer tudo. Não passava pela minha cabeça a ideia de morte. Na cabeça dele,  o desafio era apenas diversão sem risco.
    Um caso como este me faz refletir e tomar a seguinte decisão: não basta ficar de olho apenas no bebê, você tem que ter cuidado redobrado com os filhos e não importa a idade deles.
    Seu filho está trancado no quarto? Entre de vez em quando, procure saber o que ele está fazendo, com quem está conversando. Ele vai fazer cara feia, chamar você de chata e até reclamar de invasão de privacidade. Não importa, fique de olho nele, mas sem ser pegajosa.

    Converse com ele, preste atenção nas amizades, nos jogos, no que ele fala e no que ele não fala. Você já teve a idade dele, então vá com calma e distribua muito amor.

    Filhos e livros


    Eu não poderia deixar de indicar um livro que foi muito útil para mim na educação dos filhos. Vale lembrar que não existe receita para criar uma criança, mas “Quem ama educa”, do Içami Tiba, pode ajudar você a tomar determinadas decisões durante esta jornada incrível que é ser mãe. 

    Clarice Lispector Provoca Paixão e Reflexão

  • 13:25
  • 17 outubro 2016

  • O diretor de teatro e cinema Matheus Barbassa é um apaixonado por Clarice Lispector e faz questão de transmitir esse amor pela escritora a outras pessoas.

    No início do ano, ele e a professora Lucilia Abrahão, da USP/RP, deram um curso no Sesc Ribeirão para discutir o livro “Uma aprendizagem ou o livro dos Prazeres”. O evento foi um sucesso.

    Nesta quarta-feira, ás 20h30, ele volta com a direção de leitura do texto "Amor", um conto da escritora. Depois tem bate papo com Lucilia Abrahão. O evento acontece no auditório do Sesc, rua Tibiriçá, 50, em Ribeirão Preto.

    Para falar sobre a sua paixão por Clarice, Matheus Barbassa deu uma entrevista ao Blog Livro sem frescura.
    Livro sem frescura - Quando você começou a ler Clarice Lispector e o que levou você até a obra dela?
    Matheus Barbassa – Li Clarice como qualquer outro adolescente na época de escola. Foi “A Hora da Estrela” e lembro-me de não ter gostado daquilo. Anos se passaram e fui convidado para o projeto “Leitura Dramática” do Sesc. O livro era “A Hora da Estrela”. Li o livro de novo. E um mundo novo se abriu pra mim. Fiquei tão absorvido pela literatura daquela mulher, que li nove livros dela em menos de um mês. Era um vício. Eu precisava mergulhar mais e mais naquele universo tão particular. Clarice revelou-me.


    Livro sem frescura - Como a Clarice toca você?

    Matheus Barbassa – Não dá para explicar com palavras. É uma sensação de desvelamento. É algo que só acontece quando leio Clarice. É como se ela se sentasse ao meu lado, e ficasse o tempo todo comigo. É fora do normal. É único.

    Livro sem frescura - O seu amor pela obra dela é tão grande que faz você querer passar esta paixão para outras pessoas através de leituras e estudos?

    Matheus Barbassa - Sim. Sou completamente apaixonado pela obra de Clarice. E é tão incrível que a cada novo projeto eu descubro uma faceta nova. Algo que ainda não tinha notado. E dividir isso com outras pessoas é realmente enriquecedor. Cada novo olhar para a obra dela faz com que eu sinta que estou realizando uma missão mesmo.

    Livro sem frescura - Qual a frase de Clarice ou obra dela que acompanha você no dia a dia?

    Matheus Barbassa -  “Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.” Essa frase aparentemente simples é muito significativa para mim. Deixa explícito esse sentimento de incompletude que é ser humano. Mas o vazio é também busca. É ação. E a obra é “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres”. Sou completamente apaixonado por esse livro. É meu livro predileto no mundo todo. Tem um filme chamado “Fahrenheit 451” do Truffaut baseado no romance distópico de Ray Bradbury em que os livros são proibidos e queimados e alguns refugiados memorizam seus livros prediletos para passar uns para outros, para não deixar morrer as grandes obras. “Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres” seria o meu livro.

    Livro sem frescura - No Sesc você vai dirigir a leitura do Conto “Amor”. O que o público pode esperar da leitura?
    Matheus Barbassa -  “Amor” é um conto muito poderoso de Clarice. É tão simples. Assustadoramente simples. E isso é o mais difícil na hora de adaptá-lo e dirigi-lo. A questão que sempre fica pra mim é: Como não trair a obra e ao mesmo tempo trazer um olhar pessoal sobre aquilo tudo? Então, o que o público pode esperar é isso: Respeito e muita paixão pela obra. E também um olhar pessoal sobre aquele universo. Eu me identifico com Ana, a protagonista do conto. Identifico-me com seu assombro diante de um mundo que até então ela desconhecia. E o conceito de amor de Clarice é muito sofisticado, complexo. Não é banal, nem novelesco. É contraditório. Uma mistura de espanto, nojo e urgência.

    Livro sem frescura - Quais os próximos eventos que você está preparando com a mesma temática?

    Matheus Barbassa - Esse mês de outubro também começo um projeto chamado “Conversas sobre feminismo’s: Gênero, literatura e audiovisual”. Nesse projeto, estamos eu e mais duas mulheres, e cada uma vai falar um pouco sobre seus estudos e vivências. Serão 6 encontros com a duração de três horas cada e divididos por temas: contextualização histórica e política do feminismo e suas pautas; feminismo a partir do olhar e perspectiva das mulheres negras e identidade de gênero/Teoria Queer.


    Livro sem frescura – Quais ferramentas serão usadas no projeto?

    Matheus Barbassa: Serão usados diferentes ferramentas de abordagem para os temas, tais como exibição de vídeos (cenas de filmes, palestras, clipes e campanhas publicitárias), leituras de textos e dinâmicas de grupo. Dias 18, 19, 20, 25, 26, 27 de outubro (TERÇA, QUARTA, QUINTA) 19h às 22h. Inscrições pelo e-mail matricula@ribeirao.sescsp.org.br ou na Central de Atendimento (na mensagem deverá constar nome completo, RG, telefone e o título da atividade). Espero que seja uma possibilidade boa de troca. Afinal, a pergunta que mais me faço ultimamente é COMO VAMOS CONVIVER TODOS JUNTOS? Esse projeto é uma tentativa de resposta.

    Publicado originalmente no Blog Livro sem frescura (jornal A Cidade)

    Loney um Livro Gótico de Pouco Mistério

  • 19:55
  • 16 outubro 2016

  • Eu li esta semana "Loney", de Andrew Michael Hurley, e esperava ficar super entusiasmada pelo livro, mas infelizmente não fiquei meus amigos. Mas, apesar de tudo, gostei do livro.
    Eu esperava um livro cheio de mistério, mas é uma obra que discute os dramas do ser humano diante da religião e a fé. Então, se você for ler sem esta expectativa com certeza você vai gostar da obra.
    No entanto, não pense que larguei o livro. A escrita é boa e você se prende a ela e fica esperando o momento que algum mistério vai aparecer. O autor até provoca em você sentimentos de suspense, mas eles somem e viram apenas um fato corriqueiro da narrativa.
    Quando estava ficando cansada da leitura porque a história não deslanchava, percebi que estava no final do livro. Conclusão???? O autor sabe prender o leitor.


    Afinal, do que se trata "Loney" ou "Santuário" como foi chamado em Portugal?? O livro começa com o encontro dos restos mortais de um bebê em uma praia em Loney, na costa inglesa.
    A descoberta leva Smith de volta ao passado, 40 anos antes. Ele relembra quando sua mãe arrastou toda a família, o padre e alguns amigos para passar a Páscoa no lugar, porque ela achava que ali o seu filho Andrew ficaria curado. O menino não fala e tem problemas de aprendizagem.
    Logo no começo do livro, você descobre que Andrew adulto se tornou um pastor, é casado e pai de duas filhas. Então, a mãe dele estava certa? Teve um milagre em Loney?
    A narrativa vai mostrar os acontecimentos que causaram a morte do bebê, os personagens que moram em Loney, enfim como todos se relacionam com a religião e a fé. O cenário é frio, úmido, assombrado e sobrenatural.
    Os personagens são bens construídos, você vai ficar irritada com a mãe de Andrew que quer dominar tudo e todos com sua fé cega e radical.
    Andrew é um amor de menino. Impossível não se apaixonar por ele. O irmão caçula é Smith , narrador do livro, que procura proteger Andrew de todos os acontecimentos e o amor entre eles é um exemplo de vida.

    Quem é o autor?
    "Loney" é o primeiro romance de Andrew Michael Hurley que também já publicou duas coletâneas de contos na Inglaterra. Ele é professor de Literatura Inglesa e lançou originalmente apenas 300 exemplares de "Loney", depois de receber vários nãos de editores a quem ele havia enviado o manuscrito
    A tiragem inicial foi um sucesso de público e chamou a atenção de John Murray um editor que fez a segunda fornada do livro que ganhou o mundo e recebeu elogios de Stephen King, o rei do místério.
    "Loney" é considerado um romance gótico. Bora ler???

    Sessão Literatura Criminal

  • 19:02
  • 12 setembro 2016
  • Oi gente....Ler meus livros de suspense, de crime e de mistério é um passatempo maravilhoso. Então pensei em dividir com vocês algumas leituras do gênero que me agradaram nos últimos meses e por isto criei este post "Sessão literatura criminal".

     Uma delas é “Boneco de Neve”, do escritor norueguês Jo Nesbo. A obra é o sétimo da série do detetive Harry Hole e fez o autor ficar famoso no mundo todo. Vendeu mais de 20 milhões de cópias.

    Neste livro, Harry se depara com um psicopata que antes de matar suas vítimas, faz um boneco de neve em frente à casa delas.

    Narrado em terceira pessoa, o autor nos leva por labirintos e cada vez que você pensa que descobriu o criminoso você leva uma rasteira. É um suspense eletrizante, impossível de ser deixado de lado. É um daqueles livros que gruda na sua mente e que mesmo quando você está fazendo outra coisa ainda está tentando desvendar quem é o assassino.
    Páginas: 420
    Editora: Record
    Estrelas: 5

    A Garota no Trem” de Paula Hawkins foi emocionante da primeira a última página. O livro narra a história de três mulheres: Rachel, Megan e Anna. Rachel, a personagem principal, é divorciada, bêbada, todos os dias pega o trem para Londres e neste trajeto observa as pessoas que estão em suas casas. Os mais observados são Jess e Jason e para ela o casal é perfeito. Eles moram perto da casa onde Rachel vivia com o ex-marido que agora está casado com Anna e tem uma filhinha chamada Eve.

    Um dia Rachel chega em casa machucada, mas ela não sabe o que aconteceu. Ela tem lapsos de memória por causa da bebida. Horas depois, ela fica sabendo que Jess desapareceu. A partir dai a trama toma um rumo surpreendente com personagens bem reais, que apanham, levantam e apanham de novo. Caem e persistem no erro. O livro é um thriller emocionante e prende a atenção do leitor do começo ao fim. Existe um momento que você chega a ficar tão impregnada pela depressão de Rachel que você pensa em deixar o livro de lado.  Ela não consegue parar de beber e de ligar para o Tom. Vai dando uma irritação terrível. Você se coloca no lugar dela e dá uma aflição, um sentimento de perda e impotência. Um livro sensacional e que vale a pena ser lido.
    Páginas: 378
    Editora: Record
    Estrelas: 4

    O livro “A Verdade sobre o Caso de Harry Quebert” do suíço Joel Dicker chamou a atenção dos leitores do mundo todo. Conta a história de um jovem escritor, Marc Goldman,  que após fazer muito sucesso, virar um frequentador assíduo de festas e namorar várias mulheres perde a inspiração e não consegue escrever uma linha de seu novo livro. Para tentar recuperar a habilidade da escrita ele resolve visitar seu antigo mestre.

    Enquanto ele está na casa de Harry Quebert descobrem no jardim dele o corpo de uma menina desaparecida há anos. Nola é encontrada com as cópias do exemplar do único livro publicado por Harry.

    Goldman começa então a investigar o caso e o livro mescla passado e presente. Harry assume que teve um caso com a adolescente, mas garante que não a matou. Goldman vai viver um dilema: publica o livro contando o drama do amigo ou respeita sua privacidade?

    Um livro gostoso de ler, mas não tem o mesmo suspense dos livros anteriores. Está evidente que Dicker bebeu na fonte de Lolita de Vladimir Nabokov, mas não conseguiu empregar a mesma genialidade do escritor que criou um clássico da literatura mundial. Como diversão, vale a pena ser lido.
    Páginas: 576
    Editora: Intrínseca
    Estrelas: 3

    Estas são minhas dicas, caso você queira fazer uma Sessão de leitura criminal no seu final de semana. Você tem alguma dica para mim? Se tiver deixe nos comentários. Paz e beijos .

    Michel Yakini Fala da Importância dos Saraus na Periferia

  • 19:37
  • 09 setembro 2016
  • Michel Yakini autografando seus livros

    A escrita, o futebol, o sarau são algumas das paixões do escritor, produtor cultural e educador Michel Yakini que lançou em 2007 o sarau Elo da Corrente, em Pirituba. Nesta entrevista por e-mail para o blog Livro sem frescura ele fala de suas paixões, da falta de reconhecimento do negro na literatura e dos escritores que inspiram sua carreira literária.

    Paixão pela literatura
    "Cresci em uma casa que não havia livros. A palavra versada sempre foi mais presente, nas cantigas de terreiro que acompanho desde miúdo, nas rodas de capoeira e de samba que acontecem no meu bairro e por ficar enamorado com as rimas do rap na adolescência, ouvindo e copiando as letras. A primeira literatura que tive contato foi com minha irmã mais velha que, quando começou a trabalhar, comprava revistas de H.Q, principalmente de terror e humor e me emprestava."

    Gibis e família
    "Eu me lembro também de um tio que era colecionador das revistas da Turma da Mônica e da Placar, e essas publicações foram chave pra minha formação como leitor.
    Eu me interessei pelos livros a partir dos 16 anos, por influencia do movimento punk, que acompanhava com meus amigos, lia os fanzines e livros que falavam de anarquismo. A ficção veio depois, com os clássicos do vestibular e quando conheci a literatura dos escritores e escritoras da periferia, aí me identifiquei e comecei a escrever também."

    Sarau Elo da Corrente
    "Em 2005 retornei a São Paulo depois de morar em Curitiba e retomei um programa que fazia na rádio comunitária do meu bairro. Esse programa era chamado "Voz da Periferia" e eu fazia em parceria com escritora Raquel Almeida (na época ela cantava rap), mas nós já estávamos antenados na cena dos saraus e da literatura nas bordas da cidade, porque também escrevemos e a intenção era fazer algo no bairro, pra além da rádio. Já conhecia pessoalmente o escritor Alessandro Buzo e a escritora Elizandra Souza e eles sempre falavam da Cooperifa. Quando visitamos o sarau da Cooperifa, em 2006, viemos pra casa com a sensação de que era isso que queríamos fazer em nosso bairro."

    Começo do Elo da Corrente
    "Nós começamos em junho de 2007, e no primeiro encontro convidamos as pessoas da nossa comunidade, em Pirituba, as que a gente sabia que faziam versos, rimas e contavam histórias. Nessa noite foi o lançamento do meu primeiro livro e por isso os familiares também compareceram em peso. As pessoas ficaram perguntando quando seria o próximo e resolvemos fazer semanalmente, algumas pessoas continuaram, outras nunca mais vieram e muitas outras chegaram. Desde 2011 o sarau acontece mensalmente, no bar do Santista."

    Literatura no Brasil
    "A literatura não faz parte do projeto de "desenvolvimento" do país. Os casos recentes mostram que, na fala de gente influente, artista virou sinônimo de vagabundo, um departamento do Ministério da Cultura ligado ao livro e a leitura foi desmantelado, e a Flip foi contestada, principalmente pelas escritoras negras, porque sempre convida o mais do mesmo. O mercado editorial brasileiro, de acordo com uma pesquisa da professora Regina Dalcastagné da UNB, não valoriza a diversidade de escritores e escritoras do país, mantendo e premiando publicações que atendem a um perfil autoral bem definido, que na média são homens, brancos, dos grandes centros, graduados e da classe média, referendados por uma crítica que pouco se interessa por outras vertentes e que detém o carimbo exclusivo da "qualidade literária".

    Viver de literatura
    "São poucos artistas que vivem de literatura, é fato, mas isso não é um caminho natural, boa parte desse efeito se deve a um mercado literário inacessível e conservador e as politicas culturais que não priorizam a formação de leitores e a valorização de quem escreve."

    Livro "Crônicas de um Peladeiro" e a paixão pelo futebol
    "Foi a junção de duas paixões, futebol e literatura. Esse encontro aconteceu pela linguagem e pela memória. O futebol pode ser visto como arte, como prática criativa, cheia de poesia, pois movimenta o imaginário de quem gosta e essa poesia mora principalmente nos campos de várzea, no futebol de rua, no sonho da molecada e aí a memória foi o alimento principal. O livro é uma junção de crônicas que passeiam por esse universo alternativo do futebol, mas também de textos que privilegiam as entrelinhas dos grandes jogos."

    Amigos e as crônicas
    "A preparação da obra foi em diálogo com grandes escribas que dedicaram suas palavras pra escrever sobre futebol, como Mário Filho, Cidinha da Silva, Eduardo Galeano, Paulo Mendes Campos, Marco Pezão e Tostão".

    Inspiração
    "Gosto de ler pela manhã, sinto que a leitura fica mais leve quando acordo, gosto que a primeira prosa do dia seja com os livros, com a trama de um conto, de um romance, ou no mergulho de um poema. Escrever normalmente acontece ao longo do dia, no computador, assim que escrevo as crônicas que publico e preparo meu próximo livro. Antes de dormir tenho costume de escrever a mão, num caderno que reúne textos que dizem sobre o que der vontade naquela noite, quase nunca revisito esse escrito à mão, é mais pra exercitar mesmo. Já o texto do computador passa por várias versões e impressões e correções antes de ser publicar ".

    Escritores mestres

    Escritora Conceição Evaristo é fonte de inspiração
    "A escritora que mais tenho lido ultimamente é a Chimamanda Adichie, nigeriana, gostei muito de ler seus romances 'A cor do hibisco', "Americanah" e seu livro de contos "Aquela coisa a volta do seu pescoço" e agora estou começando "Meio sol amarelo". Leio  João Antonio, Conceição Evaristo, Dinha, Allan da Rosa, Akins Kinte, Saramago, Pepetela, Ondjaki, Ana Paula Tavares, Toni Morrison, Alice Walker, Plínio Marcos, Manoel de Barros, Lima Barreto, Machado de Assis, João do Rio, gente que acompanho a obra e vira e mexe tô lendo".

    Jovens e a literatura

    Michel Yakini na feira do livro do México
    "Essa é uma pergunta que me faço toda as vezes que visito uma escola, uma unidade da Fundação Casa, uma biblioteca e quando leio com a minha filha. Um caminho é não separar a literatura da vida, como se fosse algo que só pode ser feito em silencio, de cabeça baixa e acompanhado de um defunto. Literatura pode ser em voz alta, com o corpo, pode ser jogando, pode ser cantada, pode ter cheiro e sabor, pode ter identidade, pode ser com gente viva, isso movimenta nosso interesse, não só dos jovens, mas de muitos adultos que ainda não despertaram o prazer por leitura".

    Saraus


    "Os saraus são espaços de livre expressão, são lugares de experimentação de linguagem e isso faz a gente mudar nossa posição em relação ao mundo. Os saraus mudam nossa respiração, nossa postura corporal, faz a gente olhar menos pro chão e mirar mais horizonte. Acho que antes de se interessar pela participação nas causas sociais, o que também acontece de monte, as pessoas que participam dessas rodas cutucam a si mesmo, transformam suas paredes em janelas e recitam poemas pra vizinhança que acabou de abrir uma janela nova dentro de si e quer recitar pra você também".

    Futuro literário
    "Estou trabalhando no meu novo livro, um romance intitulado "Nascentes de Mel", e batalhando editora pra publicação. Tenho alguns eventos marcados em escolas e centros culturais, não há previsão de chegar no interior, mas será um prazer conhecer Ribeirão Preto e a região, espero que pinte uma oportunidade, sei que a cidade tem alguns eventos literários e uma feira, quero estar com vocês em breve".

    (Originalmente publicado no ACidade ON)

    Livros para Entender a Independência do Brasil

  • 19:28
  • Dom Pedro I dividido entre 2 mulheres
    Sexo, traição e morte fazem parte do processo de independência do Brasil. Dois livros destacam esta época da nossa história de uma maneira “gostosa”.
    Você começa a leitura e não consegue parar  porque se encanta com a maneira descontraída usada pelos escritores para falar de um assunto que para muitas pessoas é muito chato.
    Em um dos livros você se depara com as loucuras de Dom Pedro e sua amante a marquesa de Santos. Ao mesmo tempo é impossível não ficar indignada com o sofrimento que o príncipe regente causa a princesa Leopoldina.
    Estou falando de “A Carne e o Sangue – a Imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a Marquesa de Santos” da historiadora Mary Del Priore.


    A obra narra a vida complicada de Dom Pedro, um homem apaixonado pela decidida e fogosa Domitila, mas casado com a princesa generosa, inteligente e triste Leopoldina. Sem saber o que fazer da sua vida amorosa, ele teve que decidir os rumos da politica brasileira.



    O outro livro é “1822”e faz parte da trilogia escrita pelo jornalista Laurentino Gomes formada pelos títulos “1808” (vendeu mais de um milhão de exemplares em todo o país) e “1889”.
    Em “1822” você vai descobrir que aquela historinha cochichada pelos alunos  na aula de História do Brasil é verdadeira. Dom Pedro não estava em um cavalo maravilhoso quando gritou “Independência ou Morte”. Ele estava com dor de barriga acompanhado de uma “bela besta baia” e coberto pela lama e poeira da estrada, idêntico a qualquer cavaleiro que enfrenta a estrada.
    Dois livros imperdíveis para você entender a Independência do Brasil e ainda se divertir muito com nossas peripécias históricas. Bom feriado.

    (Originalmente postado no A CidadeOn)

    Livro traz Depoimentos de Sobreviventes de Tchernóbil

  • 19:36
  • 20 julho 2016
  • Livro traz depoimentos de vítimas da radiação nuclear
    “Vozes de Tchernóbyl: A história oral de um desastre nuclear” não é um livro para quem tem coração fraco. Quando iniciei a leitura, precisei parar várias vezes e digerir cada capítulo aos poucos.

    A cada página eu tomava consciência do que significava a frase “levar um soco no estômago”. Compreendi que existe muito sofrimento no mundo, e no fundo eu não tenho noção desta realidade brutal.

    Svetalana ganhou o Nobel de Literatura de 2015
    A obra de Svetlana Alexiévitch, ganhadora do prêmio Nobel de Literatura de 2015, foi a escolhida do Clube de Leitura da Livraria da Travessa, que acontece toda a primeira quarta-feira do mês. Confesso que não tenho uma participação frequente, mas desta vez eu precisava conversar sobre o livro,  que abalou as estruturas da minha alma.

    Você acha que estou sendo dramática? Eu não estou. Svetlena passou anos conversando com pessoas que sobreviveram a explosão do reator da usina, ouvindo os depoimentos das pessoas que sofreram na pele as consequências da tragédia. As grávidas que perderam os filhos, as recém-casadas que ficaram viúvas, as mães que enterraram seus filhos, enfim cada pessoa daquela região tem uma ferida de dor, que não se fecha há 30 anos.

    Sobrevivente de Tchernobil
    Cada capítulo do livro é narrado por um sobrevivente. Algumas histórias são mais chocantes do que as outras, mas em todas elas a morte e a dor são companheiras dos narradores e do leitor. Fiquei indignada ao ter conhecimento dos detalhes de tamanha tragédia.

    Os bombeiros que apagaram o fogo da usina nuclear não sabiam do perigo. Eles se expuseram a radiação sem proteção. Horas depois, eles estavam inchados e a pele do corpo deles se soltavam dos ossos. Eles levaram 14 dias para morrer. Foi um período regado de muita dor e de medalhas concedidas aos “heróis” pelo governo soviético. Um capítulo que você lê chorando.

    Homenagem aos mortos de Tchernobil
    Você que está lendo esta resenha já parou para pensar que se estes bombeiros não tivessem dado a própria vida para combater aquele incêndio, a usina poderia ter explodido? Metade do mundo ou talvez todo o mundo poderia ter sido contaminado pelos resíduos da usina nuclear? Talvez não estivéssemos aqui agora. Eu sabia da tragédia de Tchernóbyl, mas não compreendia a tragédia.

    E a população da cidade que via tudo ao seu redor “aparentemente normal”, mas estava em um ar completamente envenenado e não recebia informação do governo sobre o que estava acontecendo?

    Sobrevivente chora a morte de parentes em Tchernobil
     São tantas tragédias, tantos desmandos de um governo preocupado apenas em salvar a sua própria reputação, tanta dor, que eu fico pensando que temos que distribuir muito amor para combater todo este mal que tem no mundo.

    Precisamos de muitas jornalistas como Svetlana Alexiévitch que dá voz as pessoas que são invisíveis  no nosso mundo: os pobres, os sofredores, os esquecidos, os oprimidos... que precisam falar a sua história e todos nós precisamos ouvi-la. Com certeza aqui no nosso país também existem muitas tragédias que precisam ser escritas, contadas, lidas e ouvidas.

    Sobrevivente que voltou para Tchernobil
    Livro super recomendado. Quem puder leia. É triste, é amargo, dói, mas vale a pena. Paz e beijos.

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