Livro traz depoimentos de vítimas da radiação nuclear |
A cada página eu tomava consciência do que significava a frase “levar um soco no estômago”. Compreendi que existe muito sofrimento no mundo, e no fundo eu não tenho noção desta realidade brutal.
Svetalana ganhou o Nobel de Literatura de 2015 |
Você acha que estou sendo dramática? Eu não estou. Svetlena passou anos conversando com pessoas que sobreviveram a explosão do reator da usina, ouvindo os depoimentos das pessoas que sofreram na pele as consequências da tragédia. As grávidas que perderam os filhos, as recém-casadas que ficaram viúvas, as mães que enterraram seus filhos, enfim cada pessoa daquela região tem uma ferida de dor, que não se fecha há 30 anos.
Sobrevivente de Tchernobil |
Os bombeiros que apagaram o fogo da usina nuclear não sabiam do perigo. Eles se expuseram a radiação sem proteção. Horas depois, eles estavam inchados e a pele do corpo deles se soltavam dos ossos. Eles levaram 14 dias para morrer. Foi um período regado de muita dor e de medalhas concedidas aos “heróis” pelo governo soviético. Um capítulo que você lê chorando.
Homenagem aos mortos de Tchernobil |
E a população da cidade que via tudo ao seu redor “aparentemente normal”, mas estava em um ar completamente envenenado e não recebia informação do governo sobre o que estava acontecendo?
Sobrevivente chora a morte de parentes em Tchernobil |
Precisamos de muitas jornalistas como Svetlana Alexiévitch que dá voz as pessoas que são invisíveis no nosso mundo: os pobres, os sofredores, os esquecidos, os oprimidos... que precisam falar a sua história e todos nós precisamos ouvi-la. Com certeza aqui no nosso país também existem muitas tragédias que precisam ser escritas, contadas, lidas e ouvidas.
Sobrevivente que voltou para Tchernobil |