Em Pauta o Livro: O Cortiço de Aluísio de Azevedo

  • 12:57
  • 05 novembro 2015
  • Vizinhos oriundos de Portugal não aguentam mais viver ao lado de um cortiço de casas construídas pelo português João Romão, que também é dono de uma taverna e age como um capitalista explorador das pessoas humildes e à noite furta os tijolos dos vizinhos.

    O comerciante português Miranda já cansou de reclamar do “chiqueiro” do cortiço. Ele casou com Estela,  filha de um homem rico,  e por isto é obrigado a aguentar as traições dela e é chamado de chifrudo por todos os vizinhos. Ele também é pai de Zulmira, com quem João pretende se casar um dia.

    Miranda mora no sobrado e João Romão no cortiço o que mostra a diferença social entre os dois portugueses.

    Romão é ambicioso e não mede esforços para conseguir subir na vida. Além de explorar os mais necessitados ele traz para o seu lado Bertoleza, uma escrava fugida. Ela guarda há anos dinheiro para comprar a sua alforria e o entrega a Romão. Ela é um faz tudo no lugar e trabalha igual um burro de carga. Também não se recusa a servir a Romão na cama.

    No cortiço carioca, moram pessoas de todas as raças e com anseios sexuais a flor da pele. Uma delas, é Rita baiana, mulata fogosa que quer levar os homens a loucura com suas pernas bonitas e um jeito estonteante de dançar, é a típica mulata brasileira. Ela namora o mulato e capoeirista Firmo.

    Rita Baiana não pensa em se casar, para ela, casamento coloca as mulheres em cativeiro e ela prefere ter um amor por ano.

    A negra chama a atenção do português Jerônimo que trabalha na pedreira e é casado com Piedade. De tanto conviver no cortiço o bom português se tornou preguiçoso e agora não quer mais saber de trabalhar e está prestes a largar da mulher porque caiu de amores por Rita que fica dividida com qual homem vai ficar: o brasileiro Firmo ou o português Jerônimo.

    Rita representa a mulher independente. Já Bertoleza e Piedade são as mulheres exploradas, a mulher objeto.

    Já Pombinha, a única mocinha que sabe ler no lugar, é admirada e respeitada por todos. Ela lê os jornais, escreve cartas para todos e por isto ganha presentes. Ela  frequenta as missas no final de semana. Quem a vê nos trabalhos religiosos não imagina que a menina mora em um cortiço e que apesar de ter 18 anos espera ansiosamente pela menstruação. O assunto tão íntimo é discutido nas rodinhas do cortiço.

    O escritor Aluísio Azevedo que escreveu sobre o lugar em 23 capítulos de um livro do gênero naturalista, compara o cortiço a uma floresta e narra como este organismo vivo vai crescendo e entranhando na vida das pessoas como ervas daninhas mudando o seu caráter e as levando a degradação.

    Ele escreve a obra com rigor cientifico mostrando a influencia do meio na relação e na vida das pessoas.
    Também diz que os brasileiros são seres inferiores que levam os portugueses, uma raça superior, para o mau caminho. É o famoso complexo de vira lata  que ainda temos até hoje, de achar que o que vem de fora é melhor do que o que foi criado aqui.


    O incrível da obra é percebermos que 150 anos depois ainda encontramos cortiços em todas as cidades. Pessoas vivendo em degradação humana, sendo exploradas e marginalizadas. A obra de Aluísio  de Azevedo é mais atual do que nunca.

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